Editorial
Resumo
O futebol não é um simples divertimento. Quantos de nós, na
adolescência e mesmo na vida adulta, não começaram a
interpretar as relações humanas e modelar suas emoções
a partir da experiência com jogos de futebol? Na América Latina,
na Europa e em boa parte da Ásia e da África, o cotidiano está
permeado pelo futebol: pessoas transitam pelas ruas com camisas
de clubes, os campeonatos nacionais e internacionais são temas
frequentes das conversas, emissoras de televisão semanalmente
exibem os jogos, a mídia dedica enorme espaço ao assunto. Onde
o futebol é popular, como no Brasil, podemos considera-lo apenas
um lazer? Ele desperta paixões e interesses que, na verdade,
ainda não deciframos muito bem. Como demonstram os artigos
deste número da Revista Tempos Gerais, o mundo futebolístico
– considerando espectadores (“torcidas”), mídia, jogadores,
clubes e dirigentes – constitui ou consagra identidades coletivas,
tem dimensões políticas e econômicas, mobiliza o imaginário
social, estabelece complexas redes interpessoais. Trata-se de um
conjunto de fenômenos importante, denso, revelador. Estudar o
tema talvez ajude a elucidar aspectos decisivos das sociedades
contemporâneas.