O corpo na encruzilhada: entre o saber e o fora de sentido
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v12i23.5095Resumo
A certeza de possuir um corpo constitui matéria de obviedade, mas as suas manifestações sintomáticas apontam para um âmbito onde o saber malogra. O interesse pelo corpo pulsional entrecruzado pelo simbólico está no cerne da psicanálise, sendo uma ferramenta para a compreensão das expressões corporais enigmáticas. Com o intento de contribuir para o entendimento de tais manifestações, a autora realiza um primoroso trabalho onde promove uma aproximação ao conceito lacaniano de acontecimento de corpo. Através do diálogo com interlocutores da psicanálise e da filosofia, somos levados a um percurso que vai de Freud a Lacan, salientando as distinções entre sintoma, fenômeno psicossomático e acontecimento de corpo. Há no corpo sintomas provenientes da marca do contato primitivo com o significante. Os efeitos do afeto que se inscreve no corpo, caracterizado como lalangue, configura o gozo sem sentido do acontecimento de corpo. As elaborações da autora permitem o alargamento reflexivo acerca da construção inventiva do sinthoma no final de análise e dos limites e possibilidades da clínica psicanalítica frente ao real.