A relação mãe-filho em Eu matei minha mãe: análise winnicottiana
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v12i22.5185Resumo
Na adolescência, período de descobertas pessoais, ocorrem inúmeras mudanças e tensionamentos subjetivos. Nesse período acontece um considerável desinvestimento das relações familiares e um investimento nas relações exógenas. O presente artigo teve como objetivo analisar a relação ambivalente entre mãe e filho no filme Eu matei minha mãe, a partir do referencial teórico winnicottiano. Trata-se de um estudo qualitativo com base na análise fílmica, cujas fases foram: identificação (escolha da obra), decomposição (ou descrição) e interpretação (discussão do tema central presente na obra cinematográfica). No processo de análise, foram elaboradas quatro cenas emblemáticas para discussão acerca da relação ambivalente entre mãe e filho: em uma discussão com a mãe no jantar, Hubert a trata com desprezo; em um desentendimento, Hubert xinga a mãe; depois de uma discussão entre Hubert e Chantale, aparece a imagem dela no caixão, como se fosse fruto da imaginação do filho; a mãe abraça o filho, que retribui o gesto de carinho. Observou-se que os confrontos e ataques agressivos direcionados à figura materna dizem respeito não somente a uma agressividade, mas sobretudo ao caráter ambivalente dessa relação, em que o adolescente relaciona-se ora a partir de impulsos amorosos (elogios, demonstrações de afeto), ora a partir de impulsos agressivos (insultos, desprezo). No filme em questão, há o movimento, por parte do adolescente, de testar a capacidade da mãe de suportar e sobreviver a todo esse ódio e desprezo, em face da deprivação sofrida decorrente da separação dos pais.
Palavras-chave: Relação mãe-filho. Adolescência. Análise fílmica. Teoria winnicottiana.