De afeto a transtorno: a patologização da angústia
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v13i24.4950Resumo
Neste artigo, desenvolvemos uma discussão sobre o tratamento da angústia na clínica psicanalítica e psiquiátrica. Por um lado, a angústia é uma expressão subjetiva que Freud chamou de afeto; por outro, trata-se de um sintoma a ser eliminado. Investigaremos o movimento de patologização que transformou a angústia em transtorno de ansiedade, ao levantar o histórico desse fenômeno nos manuais de classificação de doenças e transtornos – DSM e CID. Comparamos as abordagens sobre angústia tanto em psicanálise quanto em psiquiatria, considerando as noções da teoria lacaniana de angústia enquanto afeto e sua relação com o sintoma: não o sintoma a ser extirpado, mas decifrado. Seguimos a indicação de Jacques Lacan de não tomarmos angústia e sintoma como sinônimos, tampouco angústia e transtorno de ansiedade. Destacamos, entretanto, que o sintoma pode ser uma via de tratamento da angústia em análise. Ao concluir, consideramos a proposta lacaniana de sintomatização da angústia como modo de tratamento deste afeto, tal como a conversão em fobia.