Perspectivas de Eça de Queiroz e Sigmund Freud sobre civilização e a felicidade
Resumo
O artigo aborda as perspectivas de Eça de Queiroz e de Sigmund Freud sobre o tema civilização, tomando como base o conto “Civilização”, de Eça de Queiroz (1892), e o texto psicanalítico “O mal-estar na civilização”, de Freud (1929). O artigo demonstra que ambos os escritos compartilham a temática central da crítica à sociedade e os desafios da civilização contemporânea. Enquanto Queiroz examina a tensão entre avanços tecnológicos e as necessidades fisiológicas, sociais e psicológicas do homem, Freud explora o conflito entre pulsões individuais e restrições culturais, destacando a importância de Eros (amor) para a preservação da humanidade diante da agressividade natural. A pesquisa, de abordagem qualitativa e fundamentada em revisão bibliográfica, visa a analisar esses textos sob um enfoque psicanalítico e filosófico, apontando a distância epistemológica entre as concepções de civilização e felicidade em cada autor bem como suas convergências e divergências. Ambas as obras abordam o tema da felicidade, as exigências da civilização em torno das modernidades e os desafios éticos enfrentados pela humanidade diante do tamponamento do desejo com a exacerbação do consumo. Por outro lado, as obras divergem sobre o modo como os autores entendem o conceito de felicidade e a possibilidade de alcançá-la. Os dois autores, apesar das diferenças em estilos e abordagens, contribuem para uma compreensão mais profunda das questões sociais e psicológicas enfrentadas pelo ser humano ao longo do tempo. Em conclusão, as obras de Queiroz e de Freud oferecem insights valiosos sobre a sociedade quando provocam reflexões sobre os fundamentos éticos e os desafios contemporâneos, validos, inclusive, para os debates sobre a atual era digital e a busca da felicidade no prazer e no hiperconsumo.