Rastros do traumático: reverberações da violência sexual infantil no sujeito adulto
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v13i26.5711Resumo
Este artigo parte da inquietação sobre os impactos do trauma da violência sexual vivenciada na infância e seus desdobramentos na vida adulta. Como objeto de estudo, apresenta-se a investigação de uma carta publicada em meios abertos de acesso à informação, cuja vítima conseguiu, na vida adulta, denunciar o autor da violência sexual, na qual o enredo de seu relato trouxe a possibilidade da análise dos elementos discursivos, visando à elucidação teórica da noção de trauma pelas leituras nas teorias psicanalíticas de Freud e de Ferenczi. Objetivou-se expor construções teóricas sobre o trauma a partir da perspectiva psicanalítica iniciada com o estudo da histeria feito por Freud, buscando compreender os rastros traumáticos da violência sexual na organização psíquica dos sujeitos, sobretudo considerando os desdobramentos e as manifestações sintomáticas na vida do adulto vítima de violência sexual na infância. Dessa forma, a análise da carta publicada, que dá voz ao sujeito, situa-se como objeto para acesso ao inconsciente amparada pela perspectiva de que toda pesquisa em psicanálise é clínica, mesmo que o campo não seja o clínico, por sustentar o método de pesquisa que promove o acesso à compreensão dos impactos do trauma no psiquismo. A pesquisa em Psicanálise permitiu rastrear a singularidade do sujeito que promove a problematização que interessa à compreensão do fenômeno social da violência sexual e a implicação na prática clínica. Nesse cenário, revelou-se imprescindível compreender as reverberações nos sujeitos adultos sobre a violência sexual vivenciada na infância, dando ênfase aos efeitos do desmentido e aos mecanismos de defesa criados inconscientemente pela vítima para tentar lidar com o traumático, ampliando a perspectiva de análise para o entendimento do sujeito e de seus sintomas para a ressignificação sobre o resto que persiste do trauma, os rastros do traumático.