Corpos entre telas e espelhos: a primazia do olhar e da imagem na cultura digital
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v13i26.5712Resumo
O presente artigo se insere no campo de estudos sobre tecnologias digitais e subjetividades contemporâneas e tem como objetivo analisar a construção do corpo frente à primazia do olhar e da imagem na cultura digital. A partir do conceito de narcisismo presente na obra freudiana e da teorização sobre o estádio do espelho realizada por J. Lacan, examina-se a especularidade nas redes sociais, considerando a lógica particular com que se dá a interação entre usuários a partir da reflexão acerca da produção de imagens. Assim, problematiza-se o modelo identificatório predominante no modo de se fazer laço na cultura digital, destacando seus efeitos na relação que o sujeito estabelece com a dimensão do corpo próprio, que passa a ser tomado como pura imagem. Destaca-se, ainda, que o ato de compartilhar fotos de si mesmo nas redes sociais se tornou parte da dinâmica narcísica do sujeito contemporâneo, na qual o reconhecimento social parece ter se voltado para o reconhecimento digital, expresso por meio de curtidas, comentários e compartilhamentos. Essas reflexões indicam possíveis impactos do ato de ver e ser visto nas telas, renovando a discussão sobre a relação entre o sujeito, a imagem especular e o Outro na cultura digital.