A Psicanálise nos dispositivos de saúde mental: um tratamento possível com as psicoses
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v11i21.4752Keywords:
Psicose, Psicanálise, Saúde Mental, CAPS, DelírioAbstract
Este trabalho tem como objetivo analisar a atuação do psicólogo no campo da saúde mental que favoreça a escuta singular de cada indivíduo, tal como compreender e discutir a atual conjuntura política que influencia no cuidado e as possibilidades substitutivas da internação psiquiátrica e medicalização. Trata-se de uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa que tem como critério de seleção dos trabalhos de referência textos psicanalíticos de uma mesma linha teórica, a saber, freudiana e lacaniana e seus comentadores. Durante a elaboração do texto, foi verificado que a razão diagnóstica da psiquiatria moderna segue em um movimento contrário daquela defendida pelos movimentos antimanicomiais brasileiros: enquanto esta primeira insiste em categorizar e medicalizar processos psíquicos de sofrimento como direção terapêutica, a segunda propõe um modelo de cuidado psicossocial, utilizando dos próprios sintomas para a condução e construção de um processo terapêutico de reabilitação. A intervenção puramente medicamentosa é um modelo que considera o sintoma como algo a ser extinguido, prática comum quando se trata das intervenções no campo das psicoses. Devido a presença da atividade delirante do indivíduo, o psicótico muitas vezes é visto como alguém que ameaça a lógica da norma social, precisando ser suprimido tanto nos muros dos manicômios quanto nos muros da bioquímica. Assim, se faz necessário além de conceituar sobre a constituição psíquica do psicótico, também presente neste trabalho, discutir formas de tratamento das psicoses no campo da saúde mental pautadas na lógica da não exclusão e na reinserção da loucura no campo social.