Desamparo, clínica e política: prática psicanalítica com adolescentes em acolhimento institucional
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v12i22.5182Resumo
Trata-se de um relato de experiência que tem como objetivo descrever uma prática psicanalítica com adolescentes em acolhimento institucional. Ancora-se no projeto “Adolescência, Acolhimento Institucional e Clínica do Desamparo”, que está vinculado, desde 2018, ao Instituto de Psicologia, em parceria com a Clínica Escola do Serviço de Psicologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e com um órgão da prefeitura da cidade que gere Unidades de Acolhimento Institucional. Para começar, é apresentado brevemente o projeto em questão, sua história e funcionamento, situando o acolhimento institucional. Em seguida, é introduzida a noção de adolescência, entendida não como fase universal do desenvolvimento humano, mas como um tempo lógico e subjetivo, diferente para cada caso e em relação com determinantes sociais. Da escuta desses sujeitos, alguns conceitos como desamparo, trauma, atos e errâncias se tornam fundamentais e são abordados em articulação com as potencialidades e desafios que essa clínica implica. Os adolescentes atendidos estão, na maioria dos casos, em situação de muita vulnerabilidade, o que atribui a essa clínica particularidades por vezes distintas da clínica que chamamos clássica. Devido às histórias marcadas por rupturas e violências, falar da própria história pode ser difícil e, em alguns casos, o uso da escrita é um recurso possível. O constante diálogo com a instituição que acolhe os adolescentes é outra particularidade deste trabalho, que levanta questões acerca do manejo. Por fim, nas considerações finais, destacamos a indissociabilidade entre clínica e política, a importância desse espaço de escuta para os adolescentes e as angústias que podem surgir para as extensionistas que, ainda estudantes, se propõem a essa prática.
Palavras-chave: Psicanálise. Adolescência. Desamparo. Clínica. Política.