“Reconhecer é amar”?: algumas reflexões psicanalíticas sobre o reconhecimento de paternidade no Brasil
Keywords:
Reconhecimento judicial. Paternidade. Direito. PsicanáliseAbstract
No Brasil, há muitas crianças e adolescentes sem o sobrenome do pai, levando o campo do Direito a fomentar campanhas sobre a importância do registro paterno, como o “Reconhecer é Amar!”. Para o Direito, o reconhecimento paterno ocorre a partir da inscrição do sobrenome do pai na certidão de nascimento do filho. Contudo, reconhecer um filho envolve questões inconscientes sobre a filiação, não sendo possível pensá-lo de maneira prescritiva, pois será vivenciado de maneira diferente para cada sujeito. Este artigo busca discutir o reconhecimento de paternidade a partir da Psicanálise, em articulação com o conceito de função paterna em Lacan. Foi realizada uma pesquisa teórica de obras e legislações do Direito brasileiro sobre o reconhecimento paterno, bem como de textos de Freud e Lacan que abordam a temática do pai e sua função. Segundo Lacan, a função paterna está para além de buscar se o pai esteve presente de forma concreta ou não na vida de alguém. É o pai enquanto função que encarna um lugar de interdição da mãe para a criança, instaurando a Lei. Assim, esse conceito envolve a constituição do sujeito do desejo, que traz consigo a falta e é por meio dessa que se posicionará diante da vida. O conceito de função paterna mostra que o reconhecimento de paternidade não se trata de algo prescrito. A obtenção do direito ao registro do sobrenome paterno na certidão não garante a formação do laço de amor entre pai e filho, o que requer a escuta acerca do que implica para cada pai e para cada filho a inscrição desse nome.Downloads
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Published
2022-02-22
How to Cite
Sales Nunes, I. E., & Carvalho, I. S. (2022). “Reconhecer é amar”?: algumas reflexões psicanalíticas sobre o reconhecimento de paternidade no Brasil. Analytica: Revista De Psicanálise, 10(19), 1–20. Retrieved from http://seer.ufsj.edu.br/analytica/article/view/2955
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Section
ARTIGOS