Terraplanismo: perspectivas psicanalíticas de um movimento
Palavras-chave:
Terraplanismo, psicanálise, subjetividadeResumo
Atualmente, 7% dos brasileiros duvidam que o formato da Terra seja um globo. Tensionando consensos científicos, o movimento terraplanista remete suas origens à era vitoriana e chega à atualidade, contornando as reviravoltas científicas ao longo da história. Este artigo propõe uma investigação do movimento terraplanista enquanto um fenômeno social e que, para se sustentar enquanto tal, a dimensão subjetiva está presente na produção do fenômeno. A partir de um estudo sobre o movimento desde o seu surgimento até os dias atuais, o estudo propõe uma apreciação psicanalítica, de Sigmund Freud e Jacques Lacan, com incursões históricas e filosóficas, sobre os processos atinentes aos fenômenos coletivos e à religiosidade - em suas intersecções e diferenças - bem como a narrativa que fomenta a dúvida acerca da produção do conhecimento científico. A discussão traz à luz as ofertas propostas pelo discurso terraplanista diante dos efeitos subjetivos e das indeterminações presentes na realidade atual. Sendo assim, o enunciado do movimento terraplanista oferta determinações, como as proposições de coordenadas comuns, sustentação identificatória correspondente à lógica dos grupos, oferta de uma verdade e muitas certezas, e se apresentam como proteção às indeterminações, às manifestações do mal-estar, do desamparo, da inconsistência, da falta de garantias e das invasões do Real.