Considerações acerca do tema do Cogito ferido em Freud e a tarefa de reconstrução do conceito de sujeito em Ricoeur: prolegômenos para uma ética
Resumo
Resumo: O presente trabalho é resultado de uma pesquisa que busca investigar a temática do sujeito na “filosofia reflexiva” de Paul Ricoeur. Como procedimento metodológico, optamos pelo recorte da fase da obra do autor (1960-1969), na qual retoma o problema da subjetividade pelo viés psicanalítico, notadamente em Da interpretação: ensaios sobre Freud. Nossa argumentação consiste em demonstrar a relevância desta problemática tal como é apresentada por Ricoeur. A nosso ver, o autor, num rasgo de originalidade, consegue por meio da hermenêutica simbólica, por ele adotada, apresentar uma reflexão filosófica sobre a psicanálise e apropriar-se de um discurso que se beneficia dela, enquanto movimento de desconstrução da consciência imediata e, com destreza, aponta uma saída para a aporia em que se encontrava o sujeito. A denegação do sujeito, potencializada pela psicanálise, é habilmente submetida à reflexão crítica e instrumentalizada estrategicamente para servir ao discurso de valorização de uma nova concepção do sujeito. Diríamos que, das cinzas do sujeito (ou cogito) cartesiano, deixadas pela desconstrução freudiana, Ricoeur faz renascer uma nova concepção da existência humana ou da subjetividade, depurada de sua falsidade ou imediatez. Que sujeito é esse que é resgatado pela hermenêutica ricoeuriana? Qual a importância dos símbolos culturais e religiosos para a empreitada reflexiva de construção de um novo conceito de sujeito ou de consciência em Ricoeur? Como a psicanálise serviu aos propósitos do filósofo? Tais problemas norteiam nossa investigação da filosofia “prática” que propõe o autor, na qual a consciência é uma tarefa inacabada, um esforço ou desejo de ser.
Palavras chave: Psicanálise; Ricouer; Cógito; Sujeito; Hermenêutica.