Vanitas vanitatum: As virtudes com vaidade em Matias Aires
Abstract
Resumo: “Só a vaidade é constante em nós”: esta a expressão de que Matias Aires se serve para sublinhar a singularidade do estatuto da vaidade e para converter a simples constatação empírica da sua universalidade numa postulação da própria vaidade como princípio universal. Esta lição é por ele exaustivamente corroborada através do escrutínio daquilo a que poderíamos chamar os tipos extremos de vaidade. Em primeiro lugar, a vaidade associada a determinadas castas (a nobreza, o clero, a elite intelectual, etc.). Em segundo lugar, o da vaidade paradoxalmente experimentada em certas situações-limite (o sofrimento, a desgraça, o suplício, a iminência da morte). Em terceiro lugar, a vaidade como causa da virtude. Em quarto e último lugar, a própria vaidade de não ter vaidade. O presente escrito é dedicado a apresentação destes tipos extremos de vaidade e, com especial detalhe, dos incluídos no terceiro grupo, por forma a documentar o modo como as virtudes são encaradas como formas ou produções da vaidade na filosofia moral de Matias Aires.
Palavras-chave: vaidade; natureza; amor; virtude.