Uma análise crítica das relações entre cognição, paixões e ação na perspectiva cartesiana
Résumé
Resumo: Para Descartes, nós, seres humanos, somos constituídos de duas substâncias em constante interação causal: o corpo e a mente/alma. As paixões da mente, assim como elementos cognitivos e os quereres, são modos de pensamento a ela pertencentes. As ações (movimentos do corpo) podem causar paixões que, por sua vez, podem, por meio da vontade e da cognição, influenciar na realização dos movimentos físicos. Como seres racionais e
volitivos, temos condições de controlar nossas paixões e ações, em busca do bem viver. Neste trabalho, inicialmente descrevemos dualismo cartesiano, buscando caracterizar e expressar criticamente as relações entre cognição, paixões e ação e a possibilidade de controle destas duas últimas. Em seguida, expomos algumas críticas a esta postura, baseados em pensadores como Nagel e Ryle. Entendemos que Descartes acerta ao propor uma irredutibilidade das
emoções ao físico, especialmente ao cérebro, e uma interconexão causal entre cognição, paixões e ação. No entanto, tendemos a discordar da ideia de que as emoções são estados de uma entidade substancialmente distinta e independente do corpo, dadas as dificuldades ontológicas e epistemológicas resultantes de tal perspectiva.
Palavras-chave: Cognição; Paixões; Ação; Vontade; Problema mente/corpo.