A ontologia do ser selvagem em Merleau-Ponty e a paixão segundo Clarice Lispector: encontros entre Filosofia e Literatura
Résumé
Resumo: Clarice Lispector e Maurice Merleau-Ponty vidas, paixões, tempo e espaço diferentes, ofícios diferentes, mas uma mesma busca: uma nova compreensão e uma nova experiência da humanidade, uma outra linguagem para a literatura e para a filosofia. Esse encontro não seria possível se consideramos o espaço e o tempo de forma absoluta, mas plenamente possível se pensarmos em termos de sincronicidades, para além do espaço e tempo compreendidos segundo uma perspectiva linear. O espaço é relação de nossa carne e da carne do mundo. Assim, a extraordinária descrição do espaço e do corpo feita pela literatura nos permite esse encontro. Na literatura, o espaço é um espaço de ubiqüidade onde os corpos se suprimem, onde os lugares se encaixam uns nos outros, onde cada dado sensível abre-se para latências encaixadas. Tempo e espaço são horizontes e não série de coisas. Tempo e espaço são horizontes que se invadem, encaixados uns sobre os outros. Assim, pode-se ler o tempo no espaço e o espaço no tempo como diferenciação do Ser. Entendemos que essas conexões podem contribuir para uma experiência sensível na educação, ao realçar a filosofia como obra de linguagem assim como a literatura, ambas ancoradas na corporeidade e na comunicação com o mundo da vida.
Palavras-chave: Corporeidade; Ontologia; Literatura; Mundo da vida.