AS CIDADES MÉDIAS E OS CONSUMOS PRODUTIVOS DO AGRONEGÓCIO

O CASO DE ALFENAS E CAMPOS GERAIS

Resumo

As últimas décadas foram marcadas por uma complexificação única na divisão territorial do trabalho, possibilitadas pelos avanços nas tecnologias de transporte e de informações que reescreveram a forma como os lugares e as pessoas que nele atuam se relacionam. As redes se reestruturaram visando facilitar os fluxos de (re)produção combinada e desigual do capital, assim como o espaço é muitas vezes produzido para o mesmo fim. Campo e cidade tornaram-se espaços contíguos de subordinação do modo de produção capitalista, cada qual, com suas especificidades sociais e de produção. Alfenas, considerada pelo REGIC (2018) como Centro Subregional A, é uma cidade média que polariza vários municípios em sua área de influência e possui um papel importante na gestão do agronegócio regional. Campos Gerais, considerada um centro local, é um dos municípios que mais produz café no sul de minas, sendo o setor agropecuário aquele com maior parcela na economia do município. Assim sendo, o presente artigo busca observar como as cidades médias localizadas em regiões com uma rede urbana pouco complexa concentram bens, serviços e interferem na produção do espaço citadino reduzindo, muitas vezes, o papel das cidades pequenas em sua área de influência. Para isso foi feito um cruzamento de dados da produção agrícola de ambos os municípios, juntamente com os valores de exportação dessa produção. Além disso, foi realizada uma análise comparativa e mapeamento entre os estabelecimentos voltados ao atendimento do setor agropecuário presentes na paisagem de ambas as cidades. Percebeu-se contradições entre a quantidade produzida e os valores exportados, assim como notou-se padrões de distribuição espacial desses fixos que obedecem a uma lógica de facilitação da distribuição e escoamento à cidades com relações verticais de gestão do agronegócio.